Redator Sankhya

Postado dia 13/10/2025 14:36

Matriz de materialidade: o que é e qual sua relação com ESG

Entenda como funciona a matriz de materialidade, os principais benefícios e saiba o passo a passo para implementar no seu negócio.

Mulher em um escritório, segurando uma folha de papel e analisando uma matriz de materialidade impressa. Ela aparenta estar concentrada na avaliação de temas relevantes para o negócio e para os stakeholders, em um ambiente profissional.

A matriz de materialidade tem ganhado destaque no ambiente corporativo como um recurso para apoiar decisões estratégicas e direcionar investimentos de forma mais assertiva.

Seu uso vem crescendo principalmente em empresas que buscam fortalecer práticas sustentáveis e aprimorar a transparência de suas ações. No universo do ESG, ela se apresenta como uma aliada para alinhar objetivos internos às demandas externas.

Ao conectar interesses de diferentes partes envolvidas, contribui para relações mais sólidas e de longo prazo. Dessa forma, torna-se um elemento chave para organizações que desejam unir desempenho e responsabilidade.

Neste artigo, entenda como funciona a matriz de materialidade, os principais benefícios e saiba o passo a passo para implementar no seu negócio. Confira!

O que é uma matriz de materialidade?

A matriz de materialidade é uma ferramenta estratégica utilizada para identificar e priorizar os temas mais relevantes para uma organização, considerando tanto a importância para o negócio quanto o impacto percebido pelas partes interessadas, como clientes, investidores, colaboradores e sociedade.

Por meio dela, é possível mapear questões que influenciam diretamente a reputação, a performance financeira e o cumprimento de compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG).

Essa análise é representada em um gráfico que facilita a visualização das prioridades, servindo como base para o planejamento e a tomada de decisões.

Como funciona a matriz de materialidade?

Matriz 2x2 de materialidade com os eixos "Importância para os stakeholders" no eixo vertical e "Importância para as empresas" no eixo horizontal
Como funciona a matriz de materialidade

O funcionamento da matriz de materialidade se baseia em dois eixos principais (horizontal e vertical), que representam diferentes dimensões de análise.

A disposição dessas variáveis ajuda a identificar e priorizar os temas mais relevantes para a empresa e seus stakeholders em relação a ESG.

Assim, apoia a tomada de decisões estratégicas, direciona relatórios de sustentabilidade e alinha ações ao que realmente importa.

Eixo horizontal: importância para o negócio

O eixo horizontal representa o quanto determinado tema ESG impacta estrategicamente a empresa.

O que ele mede? A relevância do tema para o sucesso do negócio, incluindo riscos, oportunidades, competitividade, conformidade regulatória e reputação.

Quem contribui? Alta liderança, áreas internas, conselhos e análise de risco.

Exemplo de tema: Gestão hídrica pode ser altamente relevante para uma empresa do setor industrial, porque impacta diretamente os custos operacionais e o licenciamento ambiental.

Quanto mais à direita, maior o impacto potencial ou a importância estratégica do tema para a empresa.

Eixo vertical: importância para os stakeholders

O eixo vertical representa o quanto determinado tema é importante para os stakeholders externos (clientes, investidores, sociedade, ONGs, governo, colaboradores etc.).

O que ele mede? A percepção de valor e urgência atribuída pelos públicos externos à empresa.

Como é medido? Pesquisas, entrevistas, workshops ou análises de tendências de mercado e relatórios setoriais.

Exemplo de tema: Direitos humanos na cadeia de fornecimento pode ser uma grande preocupação para consumidores e investidores, mesmo que o impacto direto no negócio pareça menor.

Quanto mais acima, maior a pressão ou expectativa dos stakeholders em relação ao tema.

Sendo assim, os temas que aparecem no quadrante superior direito (ou seja, que têm alta relevância para a empresa e para stakeholders) são considerados temas materiais prioritários e devem ser foco das estratégias ESG, metas e comunicações da empresa.

Os que estão mais abaixo ou à esquerda podem ser monitorados, mas não precisam estar no centro da estratégia imediatamente.

Benefícios da matriz de materialidade

Ao direcionar recursos para o que realmente importa, a matriz de materialidade contribui para decisões mais assertivas e sustentáveis. Seu uso vai além da gestão, refletindo diretamente na reputação e no desempenho organizacional. Entre os principais benefícios, estão:

  • Clareza nas prioridades: encontra temas com maior relevância para o negócio e para as partes interessadas, evitando dispersão de esforços.
  • Apoio à tomada de decisão: fornece dados estruturados que servem de base para escolhas mais precisas e alinhadas aos objetivos.
  • Otimização de recursos: direciona investimentos e ações para áreas com maior potencial de retorno e impacto positivo.
  • Fortalecimento da transparência: comunica de forma clara os critérios e resultados do gerenciamento, aumentando a confiança do público.
  • Integração com estratégias ESG: facilita a incorporação de aspectos ambientais, sociais e de governança no planejamento corporativo.
  • Monitoramento contínuo: serve como referência para acompanhar mudanças de cenário e ajustar prioridades ao longo do tempo.

Por que a matriz de materialidade é essencial na estratégia ESG?

A matriz de materialidade possibilita identificar e priorizar os temas que realmente importam para a organização e para seus stakeholders.

Ao localizar os aspectos ambientais, sociais e de governança mais relevantes, a empresa direciona recursos e esforços de forma estratégica, fazendo com que suas ações se convertam em impacto positivo e valor sustentável no longo prazo.

Além disso, a matriz fortalece a transparência e a escolha baseada em dados, alinhando práticas internas às expectativas do mercado e da sociedade.

Como construir uma matriz de materialidade: passo a passo

Construir uma matriz de materialidade exige método e clareza para que os temas mais relevantes sejam identificados com assertividade. Esse processo envolve diálogo com stakeholders, análise de dados e alinhamento com a estratégia corporativa.

A seguir, listamos um passo a passo para orientar a criação de uma matriz ágil e alinhada aos objetivos ESG.

1. Defina o objetivo e o escopo

Antes de iniciar, determine a finalidade da matriz e quais áreas ou operações ela vai abranger para evitar dispersão e garantir que o levantamento seja focado.

É nessa etapa que se estabelece se a análise será corporativa, setorial ou regional. Também é necessário definir os recursos e prazos disponíveis. 

2. Mapeie os stakeholders relevantes

Liste as partes interessadas que têm relação direta ou indireta com a organização, como clientes, colaboradores, parceiros, comunidade e investidores. O envolvimento deles ajuda a encontrar percepções e expectativas.

Utilize critérios de influência e impacto para priorizar os grupos que serão ouvidos. Esse mapeamento direciona as próximas fases da coleta de informações.

3. Levante temas potenciais

A partir de referências setoriais, benchmarks e estudos ESG, é possível criar uma lista inicial de tópicos que possam ser relevantes para a empresa. É importante incluir questões ambientais, sociais e de governança, considerando tendências e riscos emergentes.

Essa pré-lista serve como base para o diálogo com stakeholders e, por isso, é necessário que o conjunto seja amplo, mas não excessivamente extenso.

4. Coleta de informações e percepções

Realize pesquisas, entrevistas ou workshops para entender como cada stakeholder avalia a relevância dos temas levantados. Combine métodos qualitativos e quantitativos para obter uma visão equilibrada.

Essa escuta ativa capta prioridades reais, evitando escolhas baseadas apenas em suposições. Quanto mais diversa a amostra, mais representativa será a matriz.

Utilize a matriz de materialidade como uma maneira de coletar essas informações com maior assertividade.

5. Análise e priorização dos temas

Com os dados coletados, organize as respostas e atribua notas de relevância para cada tema, considerando a importância para os stakeholders e para o negócio. 

Utilize ferramentas visuais, como gráficos de dispersão, que facilitam a comparação, e observe assuntos que devem receber maior atenção.

6. Elaboração e validação da matriz

Monte a matriz de materialidade com base na priorização definida, posicionando os temas de acordo com sua relevância interna e externa. Apresente o resultado para líderes e áreas-chave da instituição, validando as escolhas.

Ajustes podem ser feitos para alinhar com o planejamento corporativo. Uma vez validada, a matriz se torna um guia para ações ESG consistentes e direcionadas.

Como aplicar a matriz de materialidade no seu negócio?

Aplicar a matriz de materialidade no seu negócio envolve encontrar e priorizar temas que são relevantes tanto para a empresa quanto para seus stakeholders. O primeiro passo é mapear todas as questões que podem impactar o desempenho, a reputação e a sustentabilidade da organização.

Em seguida, é essencial ouvir diferentes públicos, como clientes, colaboradores, investidores e comunidade, para entender suas expectativas e percepções.

Com essas informações, organize os temas em dois eixos: importância para os stakeholders e impacto para o negócio. A partir daí, crie um gráfico que posicione cada questão conforme seu grau de relevância, formando a matriz de materialidade.

Essa operação ajuda a concentrar esforços e recursos nos pontos mais estratégicos, além de facilitar a comunicação de prioridades. Revisar e atualizar a matriz periodicamente faz com que ela reflita mudanças no mercado e nas necessidades internas, mantendo o negócio alinhado e competitivo.

Conclusão

Ao adotar a matriz de materialidade, as instituições fortalecem sua capacidade de tomar decisões com base em dados, alinhando objetivos estratégicos às demandas sociais e ambientais.

Mais do que uma ferramenta, ela se torna um guia para a construção de valor sustentável, favorecendo relações de confiança e vantagem competitiva no longo prazo.

Dessa forma, organizações que aplicam essa metodologia não apenas atendem exigências regulatórias, mas também se posicionam como agentes de impacto positivo no mercado e na sociedade.

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