Sankhya
Tayrine Rodrigues

Tayrine Rodrigues

Publicado em 02/12/2025 12:56

Ele deixou o sonho do concurso para empreender e hoje tem uma empresa de R$ 700 milhões

De uma startup criada antes da internet a uma gigante de tecnologia, a Sankhya aposta em IA, sede nova e M&As para acelerar seu próximo salto

A história de Felipe Calixto, fundador e CEO da Sankhya, poderia ter seguido o caminho mais comum entre jovens dos anos 1980: estudar para um concurso público, conquistar estabilidade e construir carreira no setor estatal. Ele até tentou. Entrou no cursinho, assistiu às aulas do próprio pai — bancário do Banco do Brasil — e acreditava que a matemática herdada da família o levaria naturalmente à aprovação. Mas a vida tinha outros planos. Calixto não passou no concurso. A irmã, sim. “Na época foi frustrante, mas depois percebi: se eu tivesse passado, a Sankhya não existiria”, contou ele no podcast De Frente com CEO, da EXAME.

Foi dessa combinação de frustração, oportunidade e inquietação que nasceu a Sankhya, hoje uma potência brasileira de tecnologia empresarial com faturamento próximo de R$ 700 milhões, mais de 2.300 funcionários e expansão acelerada puxada por IA e aquisições estratégicas.

Uma trajetória que saiu do futebol, passou pelo rock e terminou na tecnologia

Antes de imaginar-se CEO, Calixto sonhou em ser jogador de futebol — era artilheiro, bom de bola, “flamenguista de 1,99”. Depois, virou roqueiro: formou banda, gravou disco pela BMG Ariola e viveu um mês no estúdio da Barata Ribeiro, no Rio. “Eu queria ser um popstar. Mas a gente percebeu que não basta ter uma música boa. É preciso colocar o disco para tocar”, diz.

A frase virou metáfora perfeita da Sankhya: não bastava ter um bom software — era preciso fazê-lo ganhar escala.

Começo sem internet e sem investidores: “era tudo mato”

Em 1989, quando internet, Google e e-mail ainda eram conceitos distantes, Calixto e o irmão Fábio decidiram empreender em Uberlândia. Montaram computadores com peças trazidas do Paraguai e trabalhavam como uma verdadeira “startup sem nome”: atendiam clientes, lavavam louça, escreviam código e implantavam soluções. “Na época, ninguém falava de ERP. A gente nem sabia que esse nome existia, mas começamos a integrar áreas empresariais porque era uma necessidade óbvia”, explica.

Nos primeiros anos, criaram soluções sob medida, sistema por sistema. Quando perceberam que isso não escalava, vieram as ideias de parametrização e padronização — que colocariam a Sankhya no mapa da tecnologia brasileira.

O grande salto de milhões

O grande ponto de virada veio quase 20 anos depois, em 2008, quando Calixto assumiu como CEO. Uma onda de fusões e aquisições no mercado abriu espaço para contratar talentos que estavam insatisfeitos em outras empresas.

Sem dinheiro para competir com salários, ele ofereceu participação societária nas novas unidades — e expandiu para oito ou nove filiais em pouco mais de um ano. “Nem todas deram certo, mas as que deram fizeram a Sankhya aparecer para o Brasil inteiro.”

Até 2020, todo o crescimento foi orgânico. Com a entrada do fundo soberano de Singapura (GIC), a empresa aprendeu a jogar o jogo das aquisições. Hoje são 10 empresas integradas ao ecossistema — sempre com um critério firme.

“Comprar o que você já faz não adiciona valor. Isso é sombreamento. O cliente não ganha nada”, diz Calixto. Por isso, a Sankhya não compra concorrentes: apenas soluções complementares que ampliam as capacidades do ERP.

A aposta na IA que muda o jogo: implantações em horas, não anos

Implantar um ERP é, historicamente, um dos maiores traumas para qualquer empresa. Projetos de 12, 24 ou 36 meses, altos custos e desgaste para clientes e consultores. A Sankhya decidiu atacar essa dor.

Com o Deploy Agent, um agente de IA dentro da plataforma BIA, a empresa passou a fazer implantações completas em horas ou dias. A tecnologia lê documentos fiscais, historiza dados, organiza cadastros e configura contabilidade e área fiscal sem erros.

“Isso elimina o obstáculo que travava nosso crescimento. Antes, não dava para vender mais porque a entrega levava um ano. Agora, fazemos quatro entregas por dia,” afirma. “Hoje a empresa tem musculatura para crescer cinco vezes nos próximos cinco anos”.

Matéria publicada por Exame

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