LUIZ CLAUDIO FERNANDES AZARIAS

Head de Inteligência de Mercado da Sankhya. Com experiência em marketing, inteligência de mercado e criação de estratégias para diferentes segmentos. Ajuda a criar insights significativos para desenvolver suas estratégias de mercado, lançando novos produtos e acompanhando um ambiente competitivo de ritmo acelerado.

Entender as tendências caminha de mãos dadas com uma leitura atenta do contexto nacional e internacional. Luiz Azarias, Head de Mercado da Sankhya, apresenta alguns pontos para reflexão, que complementam o que apontamos na primeira parte desse e-book

O crescimento do Brasil, embora pequeno, foi maior que o de outros países. No mundo há ameaças inflacionárias, desemprego, impactos de mudanças climáticas, economia instável. Fatores com os quais essas economias não precisavam lidar, mas o Brasil lida há algum tempo.
A incerteza e as mudanças constantes provocam uma certa estagnação econômica, demissões, alta da inflação e dos juros. Investidores passam a ver mais vantagem em aplicar no mercado financeiro do que na produção de bens e serviços.  
O boom das empresas de tecnologia parece ter chegado a um ponto de equilíbrio. O capital ficou mais caro, as startups foram as primeiras a enxugar seus quadros, agora a tendência chega às big techs.   
Desaceleração econômica traz instabilidade e nela, abre-se espaço para a inovação. Empresas surgem e desaparecem, mercados são criados ou entram em decadência. Tudo em uma velocidade acelerada, que dá pouco tempo para reação.

Cyber segurança

Na medida em que as empresas se tornam cada vez mais digitais, passa a ter mais relevância a proteção de bases de dados, sistemas, plataformas de acesso, aplicativos e senhas e usuários de colaboradores, fornecedores e parceiros. A Cyber segurança cresce e ganha destaque. Investir na proteção de plataformas e bases de dados para minimizar ameaças digitais deve ser uma das áreas de foco para planejar 2023.  Qualquer marca está sujeita a um cyber ataque, como por exemplo um vazamento de dados de usuários, o sequestro de plataformas inteiras de operação ou o uso de plataformas para envio de mensagens inadequadas. Além de prejuízos financeiros e perda de credibilidade, essas situações podem comprometer a reputação da marca, que passa a ser percebida como pouco confiável. Existem hackers treinados, milícias digitais e muita gente qualificada para invadir sistemas e sequestrar dados, em ações que podem envolver desde a cobrança de resgates até ações de cyberativismo. É preciso qualificar profissionais, buscar gente especializada, fazer análise de cenários e proteger as plataformas digitais com todos os recursos disponíveis. No ano passado, empresa como Record e Renner foram vítimas de sequestros de dados, com perdas financeiras e reputacionais significativas. Há bons profissionais disponíveis, consultorias especializadas e soluções completas de segurança.

Novamente, a força do ESG

As mudanças climáticas, cujos alertas começaram em meados da década de 1970, agora são realidade em várias partes do planeta. Temperaturas altas, derretimento de geleiras, secas em algumas regiões, enchentes em outros. Tudo isso afeta a segurança, o conforto das pessoas em casa e nos espaços públicos, a produção e conservação de alimentos. Países produtores de grãos, como o Brasil, tem sua safra fortemente impactada pelas variações climáticas. A criação de gado gera gases altamente poluentes e que precisam de maior controle. A preservação de florestas e áreas de vegetação nativas fazem crescer o mercado dos créditos de carbono. O Brasil, que abriga 60% da Amazônia legal, é visto como uma espécie de pulmão do mundo, mas os riscos aumentam com a exploração ilegal do garimpo e a presença de invasores em terras da união, com desmatamento crescente. Por outro lado, os olhos dos investidores se voltam para a urgência das políticas ambientais mais acertadas, a fim de manter o equilíbrio que permite a sobrevivência de todas as espécies. As empresas são chamadas a atuar com responsabilidade nesse cenário, sendo vistas como transformadoras da sociedade, com papel de liderança no estímulo ao consumo consciente de recursos finitos. Práticas alinhadas ao ambiente, governança e sustentabilidade atraem investidores e contribuem para o capital reputacional das marcas.

Open Bank

A tecnologia e as oportunidades de parceria levaram à criação das chamadas Fintechs, empresas de diferentes segmentos que oferecem serviços financeiros para seus clientes. Elas são menos regulamentadas que os bancos tradicionais e oferecem soluções financeiras para a resolução de problemas pontuais. Os cartões de benefícios, por exemplo, não são regulamentados como bancos, mas oferecem cada vez mais serviços financeiros como cartão de crédito e financiamento. Investidoras como XP e Nubank começaram pela oferta desses serviços e inovaram no mercado ao se consolidarem como Investidora e Banco Digital pioneiros no Brasil, com diálogo direto com o público jovem, aberto a novas propostas de administração financeira. Diferentes empresas passam a oferecer soluções financeiras, em especial aquelas que criam produtos personalizados, para que o consumidor tenha recursos para comprar seus próprios produtos e serviços. 

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Microsserviços

O amadurecimento de metodologias como design thinking e o foco na experiência do usuário foram condições que ampliaram a possibilidade de desenvolvimento dos chamados microsserviços. Normalmente, são plataformas tecnológicas, aplicativos e soluções digitais que executam partes de processos que as empresas precisam. Ou que atendem necessidades de pessoas dentro de algo maior. Existem microsserviços em diferentes áreas do mercado e a cada dia surgem novas soluções. Por exemplo: sua empresa tem um sistema de gestão de pessoas com toda a base de dados dos colaboradores e colaboradoras, mas não consegue fazer o controle da jornada de trabalho remota. Um microsserviço pode fazer essa parte do processo e estar conectado à sua solução para compartilhar as informações. Algumas organizações oferecem soluções de ponta a ponta para seus clientes. Outras trabalham com microsserviços, especializando-se em partes do processo e fazendo parcerias para atender a outras partes. No mercado de ERP, muitos microsserviços se integram às soluções mais robustas, permitindo a personalização de acordo com soluções já utilizadas pela empresa. Outro exemplo são as soluções para atendimento multiplataforma que podem ser oferecidas de forma complementar em um call center. 

Automação e Inteligência Artificial

Tendências que já vem há algum tempo, passam agora a ser mais presentes e trazer ofertas personalizadas para os consumidores, por meio de customizações em plataformas de relacionamento. O ERP pode ser programado para gerar alertas para os usuários de acordo com o fluxo das tarefas e essas notificações se tornam cada vez mais assertivas na medida em que as máquinas entendem e aprendem com o processo. Um exemplo que faz parte do cotidiano das pessoas é a maneira como canais como YouTube e Spotify já oferecem aos seus usuários conteúdos adequados aos seus padrões de consumo. Isso vale para o marketing reverso que, baseado em dados, entrega conteúdos de acordo com as preferências de cada usuário.

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Qualificação de pessoas

Existe um descompasso entre as demandas do mercado e a velocidade com que as escolas tradicionais se adequam à nova realidade. A procura por profissionais especializados em tecnologia cresce, mas o volume de pessoas qualificadas não acompanha.  Com isso, muitas empresas têm investido em suas próprias faculdades corporativas, formando pessoas de acordo com suas necessidades. Organizações como Sankhya, Santander, Bradesco, Magazine Luiza, oferecem formação em tecnologia e contratam esses mesmos estudantes para atuar em seus projetos especializados.

Diferença entre gerações

No Brasil vivemos uma realidade geracional diferente de outros países. Pelo menos quatro gerações convivem no mercado de trabalho e consomem. Entender comportamentos tão diversos e comunicar-se de acordo com eles se apresenta como um desafio. Esse cenário causa impactos tanto no mercado de trabalho quanto entre consumidores. Um mesmo tipo de comunicação não gera o mesmo padrão de engajamento em pessoas de variados níveis social, educacional, regional, etário, cultural etc. O grande desafio do mercado é estabelecer canais de comunicação respeitando a diferença de seus públicos. Isso fortalece o chamado marketing e influência e de comunidades, onde as pessoas tendem a consumir aquilo que é indicado por pessoas que influenciam opiniões. Nesse cenário, as marcas precisam ser mais criativas em sua comunicação e fazer escolhas. O que funciona no Tik Tok, para determinada geração, para outra pode passar batido. Mas o mercado consumidor perpassa uma grande variedade de pessoas. A percepção de cada uma pode variar bastante e as diferenças entre elas precisa ser levada em conta.

Comunicação

Essa diversidade leva a processos de comunicação de marcas que trafegam entre dois extremos. Uma comunicação mais universal, com menos valores e que impacte um número maios de pessoas, ou uma comunicação mais específica, onde a marca falará com menos gente, mas de uma forma mais autêntica e dirigida?  A interação entre estratégias de conteúdo e recursos tecnológicos será cada vez maior. Quem elabora estratégias comunicacionais terá que aprender a ler dados, a pensar em formatos diferenciados para desenvolver ações comunicacionais mais abrangentes e, ao mesmo tempo, mais específicas. O cliente tem sempre razão, tem consciência disso e suas necessidades podem mudar muito, levando à necessidade de transformação dos negócios em intervalos de tempo bem menores.

5G: mais velocidade e novas possibilidades

O aumento da velocidade do trânsito de dados é um dos fatores que levou e leva a muitas inovações. O 5G vai fazer amadurecer tendências como NFT, que são produtos digitais comercializados no cyberespaço, as moedas digitais, como bitcoins, entre outros.  As empresas tendem a ser estruturas descentralizadas, operando de maneira hibrida tanto no que diz respeito à sua força de trabalho quanto às diferentes operações paralelas que são formadas.