A tecnologia vem dominando o mercado e se tornando uma grande aliada nos processos de trabalho. No entanto, ao mesmo tempo, leva as pessoas a sentirem medo e dúvidas sobre como a mão de obra humana continuará em meio à era automatizada.
Qual é o futuro do trabalho? Os empregos como conhecemos correm o risco de serem extintos? Hoje, quero conversar com vocês sobre esses questionamentos, que são feitos com uma frequência cada vez maior.
O futuro do trabalho
Será que a tecnologia está destruindo os empregos? Eu não sou especialista neste tema, porém me coloco numa situação de experiência e conhecimento relevantes para compartilhar a minha opinião com vocês.
No meu ponto de vista, a tecnologia produz cada vez mais empregos em vez de extinguir. É verdade que alguns tipos de trabalho serão extintos pela tecnologia, mas a própria tecnologia, que elimina essas vagas, cria uma enormidade de postos e de oportunidades superiores àqueles que ela destrói.
Nos anos 80, quando fui começar a procurar emprego, o mercado de trabalho era quase exclusivamente masculino. Não havia mulheres e a tecnologia já começava a ser uma fonte tanto de impulso nos processos quanto de preocupação para as pessoas que procuravam trabalho.
Naquela época, houve essa sincronização entre a tecnologia “roubando empregos” e preocupando, enquanto as mulheres ingressavam no mercado de trabalho, aumentando o número de pessoas e, consequentemente, de concorrentes às vagas disponíveis.
Com isso, as dúvidas em relação à quantidade de empregos disponíveis e se seriam suficientes para a quantidade de pessoas em busca de vagas começou a aumentar. Se passaram 40 anos e hoje as mulheres estão instaladas no mercado de trabalho e a tecnologia desenvolveu-se enormemente desde então.
As vagas de emprego continuam existindo para quem tem qualificação, mas ainda vivemos o mesmo problema da falta de oportunidades para uma parte da população que infelizmente não tem educação de qualidade, oportunidades ou políticas públicas que incentivem.
Relação do mercado de trabalho com a tecnologia
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostrou que o mercado de TI está crescendo de forma acelerada e deve criar 420 mil novas vagas na área até 2024.
A tecnologia é uma grande aliada no futuro do trabalho, mas é preciso que as pessoas saibam se atualizar e se qualificar para que possam caminhar juntas nas mudanças que vêm acontecendo no mercado de trabalho devido a essa nova era de automatização. As próximas gerações, por exemplo, deverão desempenhar papéis e ocupar cargos que ainda nem existem.
A era tecnológica, principalmente a inteligência artificial, vem como uma forma de eliminar a mão de obra humana repetitiva, otimizando o tempo no trabalho e dando lugar para vagas de empregos que disponibilizam de mais tempo para pensar de forma estratégica e possibilitando que as pessoas utilizem mais de suas habilidades profissionais.
Muitas vagas serão substituídas pelo serviço automatizado, mas, ao mesmo tempo, novas atividades vão focar em experiências mais humanas, personalizadas e focadas em aperfeiçoamento de skills.
Futuro do trabalho e as novas profissões
Com os avanços da tecnologia, é preciso criar e aperfeiçoar novas habilidades para acompanhar essa nova era e nova forma de se trabalhar.
Uma pesquisa com 18 mil profissionais de 15 países, realizada pelo Instituto McKinsey, avaliou que todos os cidadãos podem se beneficiar com um conjunto de habilidades fundamentais (foram identificadas 56 competências) que vai ajudar a cumprir os três critérios abaixo:
- Agregar valor além do que pode ser feito por sistemas automatizados e máquinas inteligentes;
- Operar em ambiente digital;
- Adaptar-se continuamente a novas formas de trabalho e novas ocupações.
Essa pesquisa mostra que quanto maior a proficiência das pessoas nessas habilidades, que foram divididas em quatro categorias (cognitivas, interpessoais, autogestão e digitais), maior a probabilidade de conseguir emprego, melhores salários e satisfação no trabalho.
Por isso, devemos entender que o futuro do trabalho não consiste apenas ser um expert em tecnologia, exige das pessoas interesse, empenho e compromisso em desenvolver competências e aprender habilidades novas.
A tecnologia como aliada no futuro do trabalho
Cada dia mais são criadas novas oportunidades e eu quero te contar uma experiência pessoal de microeconomia. Uma experiência realmente micro, que não pode ser considerada como expressão da verdade, mas que é ilustrativa da realidade dos dias de hoje.
Abriram uma loja de comida perto da minha casa, e eu comprava algumas coisas para comer e também gostava de levar minhas filhas comigo. A atendente balconista, uma moça muito simples, claramente tinha dificuldade para fazer as contas, inclusive as mais simples.
Ela teve uma educação formal deficiente, como é comum para muitas pessoas no Brasil. Um dia, eu cheguei ao local e a atendente não estava mais, então perguntei à dona da loja o que havia acontecido com a menina.
A resposta foi que ela recebeu uma proposta para ganhar o dobro do salário e trabalhar com um time de esportes, apenas para jogar videogame, pois ela tinha talento e ótimas habilidades nessa área.
Esse tipo de oportunidade para pessoas que não tiveram educação formal, mas que têm talento, só é possível graças à tecnologia. Então, sim, a tecnologia destrói alguns empregos e vai provocar muitas mudanças, mas é ela que vai proporcionar mais empregos daqui em diante.
Eu trabalho em um segmento que demanda muitos trabalhadores e uma das empresas que eu conheço, tem muitas vagas abertas e para diversas áreas, porém não existe mão de obra qualificada suficiente para preenchê-las. E muitas outras empresas também enfrentam o mesmo problema.
Para alguns de vocês, minha visão pode parecer um pouco otimista, mas acredito que a mesma tecnologia que destrói empregos também gera novos em grande quantidade e com oportunidades tanto para pessoas muito qualificadas e com habilidades, quanto para as que buscam aprender e mostram interesse em se aperfeiçoar.
Para as pessoas que vão ingressar no mercado de trabalho e que já são experientes, é um ponto de vista um pouco tímido, eu reconheço. Mas é uma experiência que eu tive há 40 anos e que, comparando com os tempos atuais, acredito que vai continuar se reproduzindo.
Veja o vídeo em que falei sobre este assunto:
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