Nas últimas décadas, a transformação digital tem interferido brutalmente em todas as profissões. O setor de marketing é um dos mais afetados pelos conceitos de “Mundo VUCA” e BANI, e unir criatividade e análise de dados não é mais um diferencial.
Com as inovações e mudanças propostas por um mundo cada vez mais rápido, o Marketing deve adaptar-se e criar estratégias assertivas ainda mais focadas em conquistar melhores resultados de curto, médio e longo prazo.
Inteligência Artificial e Marketing
Para facilitar tais estratégias, a Inteligência Artificial (IA) pode ser uma forte aliada. De acordo com pesquisa realizada pela International Data Corporation (IDC), os negócios que utilizarem IA até 2024 serão 50% mais rápidos em comparação com os que não usarem.
E, quando o assunto é o departamento de Marketing, a empresa de consultoria Gartner aponta uma evolução gradativa no setor. Em 2021, o valor gasto por empresas no setor de propaganda subiu 6,4% e, em 2022, 9,5%. Para 2023, a previsão é de mais crescimento.
Portanto, a tendência natural é que IA e Marketing caminhem cada vez mais juntos e em ritmo acelerado. E, para os profissionais da área, as tomadas de decisão devem ser pautadas fundamentalmente na criatividade e análise de dados.
Criatividade e análise de dados
A palavra criatividade vem do latim “creare”, e significa a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas. Porém, ser um profissional criativo vai além da habilidade de encontrar soluções inovadoras.
Para exercitar a criatividade, é preciso esforço, estudo constante para o aumento de repertório geral e, por fim, saber fazer análise de dados.
A análise de dados é responsável por gerar informações factíveis baseadas em indicadores que demonstram tendências e interesses comprovados de um determinado público.
Com esses dados em mãos, o profissional de Marketing pode traçar estratégias criativas que encantem e conquistem os clientes.
Ao aliar criatividade e análise de dados, é possível:
- Definir melhor o perfil dos clientes;
- Identificar tendências de comportamento;
- Desenhar jornada de compra dos consumidores;
- Avaliar desempenho da concorrência;
- Focar esforços de campanha de marketing de acordo com preferência dos usuários;
- Desenvolver produtos e serviços relevantes;
- Testar estratégias e anúncios, entre outros.
Além disso, a criatividade e análise de dados colaboram para a melhoria em processos internos de uma empresa, como: confiança do time, modernização, aperfeiçoamento de precificação, divulgação e entrega do produto aos clientes.
De acordo com pesquisa realizada pela empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, organizações que aliam criatividade e análise de dados têm taxas de desenvolvimento duas vezes maiores do que as empresas que não o fazem.
O estudo mostrou ainda que os profissionais de Marketing que conectaram criatividade e análise de dados aumentaram a receita da empresa em pelo menos 10%, contra 5% dos que não usaram.
Resumidamente, a união entre criatividade e análise de dados aumenta a produtividade e resultados, já que as companhias podem acompanhar por meio de indicadores as atividades do início ao fim dos processos, podendo tomar medidas assertivas.
Mulheres no Marketing
E quando o assunto é assertividade ao aliar criatividade e análise de dados, as mulheres estão conquistando mais espaço no Brasil e no mundo.
Segundo o Digital Marketing Institute, as mulheres ocupam 6,5% dos cargos de liderança no marketing digital brasileiro e representam 30% do mercado total.
Apesar da grande desvantagem para os homens (71,7%), o número de mulheres no marketing vêm crescendo nas últimas décadas.
Ao falarmos sobre tecnologia no marketing e no uso de dados, as mulheres ocupam 30,7% do mercado de marketing global, sendo 20,6% em cargos de liderança, conforme pesquisa do LinkedIn.
Desde 2019, a coordenação de Marketing da Sankhya fica a cargo de Lorrana Vila. Uma profissional que sabe da importância em equilibrar criatividade e análise de dados.
E não só isso, Lorrana aprendeu a equilibrar a vida profissional e pessoal, criando uma carreira que cresce junto com a família. Confira agora, um pouco da trajetória da profissional.
Como você começou sua carreira na área de marketing?
Depois de fazer dois estágios, fui efetivada em uma empresa de tecnologia, onde comecei a trabalhar como Assistente de Marketing.
Esse começo foi muito importante para a minha carreira, pois, como assistente, pude vivenciar experiências em várias atividades diferentes dentro do Marketing, apoiando os analistas na execução de algumas ações e avaliando resultados.
Aliei a esses aprendizados a formação da faculdade, cursos de extensão e oportunidades de compartilhamento de experiências em alguns grupos de discussão.
Quais skills você desenvolveu para se tornar uma líder de marketing?
Antes de tudo, o primeiro passo foi identificar se eu realmente tinha o interesse de me tornar uma líder. Iniciei um acompanhamento para me conhecer melhor e entender qual era o meu perfil de trabalho.
Descobri também meus pontos fortes e de melhoria, assim como identifiquei a forma como me relacionava com os meus parceiros de trabalho em determinados momentos, e como eu lidava com demandas de maior complexidade e pressão na geração de resultados.
Após entender todo esse processo e decidir seguir este caminho, defini quais eram as principais skills que eu gostaria de aprimorar e alcançar (e que ainda hoje estão em processo de aprendizado e aprimoramento). Algumas delas, em ordem de importância:
- Transparência: Parece ser algo básico e mínimo, mas acredito que não existe nenhum tipo de bom relacionamento sem, antes de tudo, confiarmos naquela pessoa. Por isso, a todo momento, busquei ser transparente quanto aos desafios, objetivos, metas e resultados, entender como o time trabalha e confiar a eles o que foi delegado, dando a autonomia necessária e acreditando no que está acordado entre nós. Não só eu confiando neles, mas também demonstrando através de ações que eles que podem confiar no que foi combinado entre nós e que estarei presente para que, sempre que necessário, guiá-los rumo ao caminho que acreditamos.
- Comunicação efetiva: Busquei sempre me comunicar de maneira clara e direta, oferecendo e recebendo feedbacks construtivos que de fato agreguem para o desenvolvimento do time.
- Capacidade de delegação: Delegar corretamente, na minha visão, está totalmente relacionado ao bom resultado de um projeto. Entender claramente quais são as skills de cada pessoa do time e onde cada demanda pode ser desenvolvida com mais naturalidade e equilíbrio reduz a chance de insucesso e até desgaste nas relações, gerando mais motivação e entusiasmo na execução do trabalho.
- Inteligência emocional: É muito importante que um líder trabalhe sempre o seu autoconhecimento e evolua constantemente nesse processo, para só assim conseguir conduzir as emoções do time, com empatia, gerenciando conflitos e aflorando o que cada um tem de melhor a contribuir para o time.
Como você se especializou na área digital?
O digital requer muita prática. Eu diria que é só fazendo que se aprende. Tive a oportunidade de, além de trabalhar com excelentes profissionais da área, conseguir testar no dia a dia muitas estratégias.
Então, todas as ideias que iam surgindo, eu colocava em prática. Muitas tiveram sucesso e várias tiveram total insucesso, o que também me fez entender como o digital funciona: com suas mudanças constantes que requerem aprendizados diários e com os erros que nos levam a melhor execução e aperfeiçoamento da prática. É o ciclo infinito do construir, medir e aprender.
Quais são os principais desafios da liderança de marketing?
Hoje, acredito que, além de trabalhar a inteligência emocional, como dito acima, é preciso entender que o marketing digital está em constante evolução.
O que se aprende hoje pode não fazer sentido amanhã, e isso acaba exigindo mais da liderança sobre como manter um time motivado com essa necessidade do aprendizado constante, que acompanha tendências praticamente em tempo real, realizando diariamente novos testes que podem mudar completamente o resultado de uma estratégia.
É meio que uma filosofia de vida, pensando, aprendendo e executando rápido para não perder oportunidades que surgem a todo momento.
É possível equilibrar criatividade e análise de dados? Como fazer?
Com certeza, principalmente quando você dá um tempo entre a construção da análise e o plano de ação. Minha sugestão é que, sempre que você estruturar dados para serem analisados, se dê um tempo para refrescar a memória e volte depois para fazer uma nova análise.
Muito provavelmente você verá informações que não estavam tão claras antes, e é nesse momento que a criatividade surge, com novas ideias e insights para a estratégia.
E você vai ver que, depois que você aprende a tomar decisões baseadas em dados, você nunca mais consegue, mesmo que pensando algo que seja muito criativo, fora da caixa etc., conduzir um projeto sem um embasamento nos dados.
Tudo fará mais sentido e trará mais segurança para as novas ideias.
Quais mulheres da sua área que te inspiram?
São muitas, mas acredito que possa citar Martha Gabriel, Tahiana D’Egmont e Letícia Anjos.
Quais dicas você dá para quem está iniciando na área?
Não tenha medo de aprender e de executar atividades diversas. Aprender um pouco de tudo que é trabalhado na área te dá uma visão sistêmica de onde cada estratégia impacta no negócio.
Não é porque executamos uma estratégia de branding totalmente offline que as estratégias digitais não serão impactadas. Muito pelo contrário, tudo se complementa e se constrói em conjunto, um agregando e gerando valor ao outro.
Acredito muito que ter essa visão do todo muda completamente a forma de pensar e gerar resultados.
DICA BÔNUS
Além de desenvolver a habilidade do aprendizado contínuo, conforme mencionado por Lorrana, é preciso que qualquer profissional tenha boa comunicação, excelente relacionamento interpessoal, ética de trabalho, empatia e espírito de equipe.
Características que devem ser desenvolvidas principalmente por líderes e gestores. Nós preparamos um artigo especial sobre como ser um líder financeiro estratégico. Confira!