Hoje nós vamos tratar de um assunto que pode parecer básico, mas muitas vezes é o “calcanhar de Aquiles” de muitas operações: o cálculo do giro do estoque.
O giro de estoque é fundamental para os negócios. Afinal, é preciso lembrar que o dinheiro que a empresa emprega para estocar produtos é o capital de giro, e isso é de extrema importância para o negócio como um todo.
Sempre que a empresa empata o seu capital de giro no estoque, ela está absorvendo um grande risco, já que o estoque pode não ser girado, pode estragar ou encalhar e o prazo de validade pode vencer, por exemplo.
Por isso, é importante encontrar um ponto de equilíbrio entre qual é a quantidade mínima que a empresa deve comprar para manter o seu estoque disponível, de modo a não perder nenhuma venda, sem que isso repercuta em um excesso de estoque.
Isso porque o excesso de estoque causa muitos males. Vai exigir mais espaço, mais dinheiro e pode acarretar mais riscos. No entanto, um estoque muito restrito também não é adequado porque é possível ter ruptura. Ou seja, a empresa pode ter clientes interessados em comprar o produto, mas não ter o estoque disponível para oferecê-lo.
Nesse sentido, o cálculo do giro do estoque é uma disciplina fundamental para que a empresa tenha saúde financeira e sucesso nos negócios.
E, então, quer saber como fazer corretamente o cálculo do giro de estoque na sua empresa? Confira as dicas que preparei para você.
Quais estratégias levar em consideração para o cálculo do giro de estoque?
Algumas estratégias devem ser levadas em conta ao calcular o giro de estoque. Listei as 3 principais aqui:
1. Cobertura de estoque
O primeiro ponto que é preciso analisar é a cobertura de estoque. Isso significa que o sistema ERP ou os compradores, da maneira mais automática possível, devem estabelecer quantos dias de estoque a empresa terá se não houver ressuprimento.
Vamos imaginar, por exemplo, uma empresa que venda 10 unidades de determinado item por dia e que o fornecedor leve 10 dias para fazer a entrega desse produto quando a empresa faz um pedido. Sendo assim, o mínimo que a empresa deve dispor é de 100 itens no estoque.
Esse é o nível de cobertura necessário para que a empresa não perca nenhuma venda, na hipótese de que faça uma compra do produto até que o fornecedor entregue. Então, ela deve fazer a compra de pelo menos 100 itens de cada vez, de modo que não falte no estoque.
Ou seja, a cobertura do estoque corresponde ao tempo em que a empresa quer ter os produtos estocados. Existem empresas que têm, por exemplo, uma cobertura de estoque de 30 dias, 20 dias, 15 dias. Isso depende do tipo de item, da presteza do fornecedor, da estratégia da própria empresa e do risco que ela aceita correr de ruptura de estoque ou de excesso de estoque.
2. Ponto de ressuprimento
Outro conceito importante é o de ponto de ressuprimento. Ou seja, baseado na estratégia de cobertura de estoque, é o ponto a partir do qual a empresa vai disparar para os compradores a notificação de que existe a necessidade de fazer uma nova compra de determinado item.
Esse ponto de ressuprimento está associado à quantidade de produtos. Então, à medida que os itens vão sendo vendidos, o ERP deve disparar automaticamente uma notificação com uma sugestão de compra baseada no giro do estoque e na cobertura de estoque que a empresa estipulou.
Isso significa que o ERP deve sugerir qual é a quantidade a ser comprada baseada no quanto aquele produto tem sido vendido, na cobertura do estoque e no ponto de ressuprimento.
E quando há uma demanda muito alta de um produto apenas em determinada data?
Existem produtos que são sazonais. Vamos imaginar, por exemplo, produtos típicos de festa junina, que não têm tanto giro antes de junho. Nesse caso, o sistema deve fazer a notificação de sugestão de compra antes que o giro aconteça, ou seja, precisa se antecipar.
Para isso, ele deve estar parametrizado de modo que os compradores sejam notificados da necessidade de compra daqueles itens, mesmo quando não há giro de estoque.
Existem outras questões que dizem respeito aos picos de venda. Por exemplo, a empresa pode ter um giro de estoque usual de 100 itens por semana, mas, em determinado período, ter uma compra de 300 itens por semana. Isso pode modificar a sugestão de compra, porque o estoque foi desfalcado de uma vez só.
Mas esse pico de vendas não pode modificar a média para cima, assim como os períodos sem giro também não podem modificar a média para baixo. É preciso levar em conta sempre a média, ignorando os picos e os vales, que muitas vezes alteram o cálculo do giro do estoque.
3. Itens que serão descontinuados e itens que serão intensificados
Por fim, é preciso considerar que alguns itens, embora girem muito, podem fazer parte de um processo de descontinuação. Ou seja, a empresa não vai mais trabalhar com eles. E outros produtos que giram menos podem fazer parte de uma estratégia de intensificação, de modo que a empresa, mesmo sem ter tanto giro, vai investir mais nesses itens.
Dessa maneira, é preciso considerar o duplo aspecto da gestão do giro do estoque. Sob certo aspecto, existem as considerações que são básicas e que podem ser automáticas, com o sistema calculando automaticamente qual é a sugestão de compra.
E, por outro lado, existem as questões estratégicas que dizem respeito ao que a empresa precisa e projeta para descontinuar certos itens e para intensificar a entrada de novos itens no estoque.
Falei sobre esse assunto em um vídeo no meu canal:
Você tem alguma dúvida ou alguma boa prática sobre cálculo de giro de estoque que deseja compartilhar? Deixe aqui o seu comentário que vamos adorar saber um pouco mais da sua experiência.