Basta abrir o jornal ou ligar a TV para ser assolado com uma série de notícias sobre a possível crise econômica trazida pelo Coronavírus. Recessão, depressão, desemprego, PIB, inflação e muitos outros termos começam a assombrar os brasileiros, em especial os gestores e empresários.

Neste conteúdo, nós vamos lhe explicar o que é uma crise econômica, quais os impactos trazidos, um panorama das principais crises já vivenciadas pelo mundo nos últimos anos e, claro, dicas e expectativas para a crise causada pela pandemia atual. Continue a leitura.

O que é uma crise econômica?

Antes de definirmos uma crise econômica, é importante lembrarmos que a economia é cíclica. Isso significa que existem períodos de bonança e outros de queda, além de alguns com certa estabilidade.

Por isso, crises econômicas são normais e acontecem com certa frequência de tempos em tempos. Porém, é claro, algumas são mais expressivas, assim como há variação nos motivos que levam a elas.

Consideramos que o país ou o mundo está enfrentando uma crise econômica quando há um declínio da atividade econômica. Ou seja, a demanda por consumo é reduzida, o que gera menos lucro às empresas. Com uma lucratividade menor, muitas acabam demitindo funcionários – o que aumenta as taxas de desemprego.

Mais pessoas desempregadas significa uma renda média menor e, também, um menor poder de compra. Assim, muitas famílias passam a consumir menos, o que reduz a demanda e mantém o ciclo de crise.

Para frear esse ciclo, que tende a se reproduzir e se intensificar, é necessário que o governo desenvolva políticas econômicas de estímulo à economia. E é o sucesso ou o fracasso dessas medidas que vão definir se o país conseguirá superar a crise, bem como a intensidade e a duração dela.

Diferentes intensidades de crises

Como explicamos, a economia é cíclica. Por isso, continuamente passamos por períodos de recessão. Só que em alguns casos, esse problema é mais grave e estamos diante de uma crise econômica de grandes proporções, como a que o mundo vivenciou em 1929, por exemplo.

A recessão é uma fase relativamente curta, em que há retração da atividade econômica, aumento do desemprego, diminuição da produção e redução nas taxas de lucros e nos investimentos. Para ser considerada uma recessão, é preciso que haja uma queda no PIB por dois trimestres consecutivos.

Já a depressão é uma crise mais duradoura, como se fosse um estado avançado de recessão, com uma forte redução da atividade econômica, falências, altas taxas de desemprego e queda drástica na produção e nos investimentos.

Em geral, é considerada uma depressão quando a recessão ultrapassa 3 ou 4 anos de duração ou há uma queda significativa no PIB.

Lembrando que o PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de toda a riqueza (bens e serviços) produzida dentro do país durante certo período de tempo. É um dos indicadores mais importantes para medir o tamanho da economia e também avaliar se ela está crescendo ou passando por uma recessão.

Quais as principais crises econômicas e os seus impactos?

Ao longo dos anos, o mundo assistiu (e sobreviveu) a muitas crises econômicas. Abaixo separamos as mais importantes do mundo moderno.

Crise de 1929

Em 1929, o mundo tinha acabado de sair da Primeira Guerra Mundial. Os Estados Unidos tinham como principal consumidor dos seus produtos a Europa, já que a indústria europeia tinha sido gravemente afetada pela guerra.

Contudo, aos poucos, a indústria da Europa começou a se recuperar – e a necessidade de comprar produtos importados passou a ser menor. Durante o período de exportação, a indústria americana estava produzindo muito mais do que o normal e com a redução da importação pela Europa, o país passou por uma crise de superprodução.

Ou seja, havia muito produto no mercado, mas não existia consumidor suficiente para ele. Com o excesso de produtos parados, as empresas começaram a demitir os funcionários, gerando altas taxas de desemprego e um elevado crescimento da pobreza.

Tudo isso contribuiu para a quebra da bolsa de valores, o que afetou o mundo todo. Essa foi uma crise importante porque marcou, de forma significativa, a queda do liberalismo, que defendia a menor intervenção possível do estado na economia.

Na época, o mercado americano não conseguiu se autorregular e a crise só foi superada com a intervenção do governo, que teve de criar medidas para estimular a indústria, além dos programas de assistencialismo aos mais pobres.

Crise de 2008

Outra crise que afetou o mundo foi a de 2008 – e, assim como a de 1929, ela teve início nos Estados Unidos. A diferença, porém, é que em 2008, o mundo assistiu a uma crise financeira.

Antes da crise se instaurar, os juros estavam bem baixos nos Estados Unidos e havia crédito abundante no mercado. Ou seja, as pessoas tinham facilidade em conseguir empréstimos e os juros pagos eram baixos.

A principal forma usada para empréstimos nos Estados Unidos é a hipoteca. Ela é o tipo de empréstimo em que os imóveis são dados como garantia. E, em geral, esse crédito é usado para investir em novos imóveis. Esses são empréstimos considerados de alto risco, pois muitas dessas pessoas não tinham condições de pagar a dívida.

Apesar disso, devido ao clima de estabilidade, os bancos desconsideravam esse risco e vendiam essas dívidas, classificando-as como seguras (com baixo risco de calote).

A inflação nos Estados Unidos, contudo, começou a aumentar e o governo teve de elevar as taxas de juros, o que causou uma desvalorização dos imóveis. Outro resultado foi que grande parte das pessoas que contraiu o empréstimo na fase de juros baixos não conseguiu arcar com suas dívidas.

Porém, essas dívidas estavam sendo negociadas pelos bancos no mundo todo – o que gerou um efeito dominó, levando ao colapso de vários bancos. No início, a crise atingiu apenas os Estados Unidos, mas depois acabou afetando a Europa e até os países em desenvolvimento, ainda que em menor intensidade.

Para evitar uma situação ainda mais catastrófica, o Estado teve de intervir, com um plano de “socorro” aos bancos que custou 2,6 trilhões aos cofres norte americanos.

Crise brasileira de 2014

Uma das mais importantes recessões na economia moderna do Brasil aconteceu entre 2014 e 2016. Um dos motivos para ela foi a recessão mundial causada pela crise de 2008, além das políticas adotadas pela equipe econômica do governo como resposta à crise mundial.

O nosso país é um grande exportador de commodities, produtos que têm o seu preço determinado pelo mercado internacional. Com o mundo em crise, o preço desses itens despencou. Essa queda afetou as exportações brasileiras e, mesmo com as políticas econômicas do governo, a recessão econômica acabou se instalando.

A indústria foi o setor que mais sofreu na crise, com várias demissões em massa. O desemprego atingiu a taxa de 13,7% em março de 2017 e muitas famílias passaram a consumir cada vez menos.

A gravidade da crise foi intensificada graças à crise política que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Como uma forma de contenção da crise, Michel Temer adotou algumas medidas, como a PEC do teto dos gastos, a reforma trabalhista e a lei da terceirização, além do congelamento dos gastos na educação, saúde e segurança pública.

Essas medidas se tornaram bastante impopulares porque, nos próximos anos, pode precarizar ainda mais a relação de trabalho e trazer graves consequências para a população.

Crise econômica e COVID-19: o que esperar desse momento?

Com a pandemia de coronavírus, o mundo se prepara para uma nova crise econômica. Diversos países têm revisto suas projeções de crescimento e preparam um conjunto de medidas para superar esse momento.

Afinal, com a grande quantidade de pessoas doentes e os falecimentos, a expectativa é que haja uma redução no consumo. Além disso, o isolamento social tem feito com que muitas empresas fechem as suas portas.

Isso gera insegurança nos colaboradores, que não sabem até quando terão emprego, e nos próprios empresários, que não entendem se irão conseguir manter seus negócios operando.

O resultado é uma queda drástica no consumo e nos investimentos, além da maior probabilidade de demissão, dando início ao ciclo de crise econômica que explicamos neste conteúdo.

Além da crise econômica, o mundo também se prepara para vivenciar uma crise financeira. Afinal, se as empresas quebram e as pessoas perdem o emprego, o nível de inadimplência aumenta e os bancos se retraem.

Como não sabemos por quanto tempo essa situação irá se manter, é muito difícil prever como a economia irá se comportar e quais serão os resultados dessa pandemia.

Outro efeito que a crise tem trazido é a fuga de capitais.  Há alguns anos, desde a instabilidade política, os investidores estrangeiros têm visto o Brasil como um país de risco e têm retirado seus investimentos daqui. Com a pandemia, a situação ficou ainda pior.

O resultado é a alta do dólar e o aumento geral do preço dos produtos importados ou que usam matéria-prima e tecnologia importadas.

Ação dos governos

Na tentativa de conter a crise, os governos têm tomado ações importantes, principalmente injetando dinheiro para manter as empresas funcionando e a renda dos trabalhadores.

No melhor dos cenários, a expectativa é que comece a haver uma retomada da economia a partir de junho, com a redução do confinamento e uma queda no número de contágios.

No Brasil, as medidas tomadas pelo governo federal ainda são discretas quando comparadas às outras ações. Apesar disso, muitos governos estaduais têm assumido a responsabilidade e estão criando diversos auxílios para famílias e informais, além de auxílio financeiro para empresas e linhas de crédito com juros mais baixos e condições de pagamento facilitado.

Outra ação importante dos governos estaduais é a prorrogação do pagamento do ICMS para as empresas de menor porte e prolongamento ou isenção do pagamento de serviços de água e energia.

Apesar de diversas ações, a maioria dos países ainda não sabe como lidar com essa crise. Mesmo porque, mais do que financeira e econômica, ela é uma crise sanitária que ameaça a vida das pessoas, colocando o consumo em segundo plano.

O que se espera é que os próximos meses sejam um período de experimentação e de tentativa e erro por parte dos governos, que tentarão implementar diversas medidas para salvar a economia e conter a crise.

Tudo dependerá da evolução do vírus e se haverá, ou não, uma segunda onda de contágio. Para isso, o mundo volta seus olhos à China, onde tudo começou e parece estar acontecendo uma redução de casos e de contaminação.

Até que se encontre uma cura ou uma vacina, contudo, não haverá uma recuperação plena da economia. Até lá, os empresários terão de repensar seus negócios, cortar gastos e usar a criatividade e a tecnologia para tentarem continuar de portas abertas.

Conclusão

Neste conteúdo, você viu que as crises econômicas são cíclicas e normais dentro do capitalismo. Contudo, algumas acabam se tornando mais longas e mais intensas, afetando vários países ao mesmo tempo.

Esse é o caso da crise atual, que preocupa muito investidores, empresários e governantes justamente por envolver a questão sanitária e por não haver nenhuma outra semelhante na história.

Além disso, é difícil prever quais medidas surtirão efeito e quanto tempo demorará para a pandemia acabar ou, ao menos, reduzir seus efeitos. Enquanto não for encontrada uma vacina ou uma cura, a expectativa é de que haja recessão em todos os países.

Para os gestores, esse é um período de cautela. É preciso rever seu plano de negócio e até o direcionamento e posicionamento da empresa, pensando em novos produtos, serviços e ações que possam ser exploradas, tentado adaptar o negócio a atual situação.

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